- o carteiro -
(chiça, vocês não sabem o que custou postar isto por causa da formatação)
estava a pensar "cácomigo", assim mesmo tudo junto para ser bem forte, do "nuórte", quando percebi que esta gente da teogonia, para além de partilhar o gosto por cópulas estranhas (precursores da zoofilia, ah pois é) e por nascimentos estranhos (gente a nascer da cabeça, a nascer de ovos de humanos...), gostava de, once in a while, mudar de género, quer fosse a sério, ou só de brincadeirinha, como dizem que os homens fazem no carnaval quando se vestem de mulher (eu "cácomigo", acho que os homens se vestem de mulher porque querem ver, querem estar na pele de uma mulher. acho que eles dão largas ao seu lado feminino - lado que todos os homens possuem e vice versa -, e que no seu dia-a-dia, por imposições sociais não revelam, blá blá blá, blá blá blá). bom, não vou fazer nenhum manifesto feminista. cada um veste-se como quer. mas na mitologia clássica isto era evidente. deixo aqui alguns exemplos sendo que apenas para o último não encontrei outra fonte que não o dicionário de mitologia. todos os outros estão justificados com a bibliografia referenciada. como disse, não vou fazer nenhum estudo feminista, só vou dizer que, tal como nós os deuses e os heróis, mudavam de género, disfarçavam-se sem nenhuma preocupação, mas voltavam sempre ao original. pelo menos os da antiguidade clássica. e isto é estranho porque os deuses gregos e romanos tinham comportamentos humanos, mas como deuses tinham determinadas prerrogativas; ou seja, podiam trair e ser traídos, podiam ser cruéis, ludibriados, rudes, feios... não importava. porque eles podiam! mas por outro lado, este regresso tão imediato à forma inicial, faz-me crer que os deuses davam o exemplo à Hélade, não deixando que o indivíduo se sobrepusesse ao grupo, à nação.
Tirésias
"Acordam então averiguar qual a opinião/do douto Tirésias. É que este conhecia os dois lados do amor./De facto, em certa ocasião sovara duas enormes serpentes,/que acasalavam na erva verdejante, a golpes do seu bastão./De homem convertera-se em mulher (espantoso!), e passara/sete Outonos assim. Ao oitavo, viu de novo aquelas serpentes./'Se tão grande é o poder da pancada com que vos feri', disse,/'a ponto de mudar no contrário o sexo de quem vos golpeou,/bater-vos-ei também agora'. Golpeando as mesmas serpentes,/retornou à forma primitiva e a figura com que nascera voltou." (OVÍDIO - Metamorfoses. Lisboa: Livros Cotovia, 2007. pág.93)Atena
"E Atena veio até ele, sob o aspecto de um adolescente, um pastorinho, muito gentil, como costumavam ser os filhos dos príncipes; ela tinha sobre os ombros uma dupla e fina capa; sob os seus pés reluzentes sandálias, e na mão um cajado." (HOMERO - Odisseia. Mem Martins: Edições Europa-América, 2000. Pág. 146)
Baco
William-Adolphe Bouguereau, Bacchante, 1894
Aquiles
Aquiles era filho da ninfa do mar Tétis e do mortal Peleu. Aquiles era ainda adolescente quando rebentou a guerra de Tróia, mas a adivinha Calcas, depois de consultada, informou que a cidade inimiga não seria destruída se Aquiles não participasse no confronto. Apavorada, Tétis tratou de disfarçar o seu filho de mulher e enviou-o para a corte do rei Licomedes, na ilha de Ciros, para que ele fosse educado no harém, junto das princesas e com o nome de Pirra (a loura) [Pirra é um bom nome para uma prostituta. “Onde vais?”, “Esta noite combinei com a Pirra!”]. Entretanto os gregos enviaram Ulisses como embaixador à corte de Peleu a fim de que ele trouxesse Aquiles, mas como não o encontrou, Ulisses recorreu a Calcas que lhe revelou o embuste. Ulisses disfarçou-se então de mercador e dirigiu-se ao Palácio de Ciros, conseguindo entrar no gineceu. Aí expôs, perante os olhos maravilhados das princesas, os mais ricos adornos. Mas entre os tecidos e as jóias estava escondida uma espada. Enquanto as mulheres se interessavam pelos bordados, a pretensa Pirra empunhou a espada imediatamente, precipitando-se para fora do palácio com a arma na mão revelando a sua verdadeira identidade.
Zeus
Hércules
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