- o carteiro -
quem semeia batatas colhe processos ou a lógica da batata
Na Frutaria Morenos, não se vende apenas fruta. Trata-se de um grande armazém na zona industrial que vende também legumes e vegetais. Um dia a ASAE entrou por ali dentro e pediu para falar com o dono. O problema poderia ser qualquer um, mas a ASAE, certeira e matreira, preocupada com os frutos, os caules e as raízes, o bem estar dos humanos e a saúde dos caracóis albinos, o cumprimento da lei dos homens e da lei de Deus, Buda, Jeová, Alá, Odin e de Murphy, incansável na busca de responsáveis, bodes expiatórios e pandas pecadores dirigiu-se às batatas. Eis que o inspector da ASAE, protegido com todos os artefactos a que tem direito saca... de um aparelho de medir batatas. O sofisticado aparelho tem um orifício e funciona da seguinte forma: se a batata passar por esse orifício tem de ser excluída, isto porque o orifício calibra o tamanho da batata. Ou seja, se a batata for mais pequena que o tamanho determinado, das duas uma: ou terá que ser vendido a preço inferior e com a designação por parte do vendedor de que é "batata para porcos" (chiça, antes alimentar um burro a pão-de-ló!), ou terá que ser cedida à Santa Casa da Misericórdia para a confecção de refeições.
Para falar com toda a noção da realidade, nenhuma das duas opções é uma boa e justa opção. Talvez por isso a ASAE não se possa imiscuir nos assuntos da justiça. É que muitas pessoas, com muito ou pouco poder de compra adquirem a suposta "batata para porcos" para comerem: uns porque é mais barata e não deixa de ser batata, outros porque gostam de batata noisette. Quanto à cedência da batata reprovada à Santa Casa da Misericórdia, também não soa bem a quem conhece como funciona a instituição - as refeições na SCM são pagas - e quem conhece os meandros através dos quais se movem as hierarquias da instituição fora das grandes cidades: os maiores rapinam a batata. Enfim, é tudo fauna.
1 Comments:
Ah pois é! E a história é verdade do princípio ao fim.
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