- o carteiro -
Depois da capa do New Yorker com Barack Obama vestido de Taliban a cumprimentar a sua mulher, vestida de militar, com o punho cerrado, David Horsey apresenta um cartoon para a capa da National Review (David Horsey não trabalha para a National Review) e pergunta como é que as bases do partido Republicano irão reagir a isto:
Coloquei o link, mas duvido que alguém tenha ido ver. Por isso coloco a imagem. No estado americano da Florida Mike Meehan, um homem de negócios, pagou pela colocação deste outdoor. Nele encontra-se escrito “Please don’t vote for a Democrat ao lado das Torres Gémeas aquando dos atentados de 11 de Setembro, a bandeira americana em pano de fundo (esfumada porque os designers devem ser os mesmos do cartaz colocado pelo PNR no Marquês de Pombal e como se sabe este tipo de gente tem uma grande falta de gosto) e em baixo, o endereço de um site: www.therepublicansong.com. Para além da associação visual que perturbou alguns republicanos que a acharam inapropriada, há também a questão do respeito pelos familiares das vítimas que ao passarem por ali se deparam com a imagem. E depois, como se não bastasse, Meehan criou o referido site (que é quase tão mau quanto o outdoor) e uma canção que começa da seguinte forma “The Democrat secular progressive move, political correctness is killing us too. They want to take the money from the hard working man, and give it to the lazy folks that don’t give a damn.” Mais, Mike Meehan diz-se um homem de Deus. Somos todos, não é verdade?
O International Herald Tribune apresenta hoje um artigo polémico e até engraçado. Já todos sabíamos como a arte se estava a transformar num mercado e como os objectos de arte podiam seguir tendências ou ser impostos por opinion makers e pelo sistema de transacções comerciais. O que não sabíamos era que a arte podia ser um produto de consumo em massa como a roupa ou a comida. Quer dizer, já desconfiávamos quando víamos os quadros do menino com a lágrima no rosto a serem vendidos em feiras. Note-se que por arte entendo tudo, todos os suportes, mas a pintura pela sua dimensão e divulgação, pelo estatuto é aquela que melhor exemplifica o caso seguinte. Sabe-se agora que de alguns anos a esta parte os leilões deixaram de ser apanágio das galerias de arte transferindo-se para locais como… os cruzeiros. O que se passa é que o negócio é em grande uma vez que: está inserido num programa de entretenimento (comprar arte em leilões de cruzeiros tem para os viajantes o mesmo peso que jogar Bingo), que os seus compradores não são conhecedores mas apenas turistas e que há uma indústria que se mobiliza dentro da ignorância de quem compra. Obviamente que só compra quem quer e quem quer compra porque vê nas obras algum status ou por divertimento e por isso, como ninguém é obrigado a licitar uma obra, culpas não podem ser imputadas a essa tal indústria de leilões a bordo. Para termos uma ideia, todos os anos são vendidas em leilões deste género cerca de 300 000 obras e a vencedora é a Park West Gallery de Southfield que se arrisca nos mares desse mundo fora. Esta leiloeira vende no Royal Caribbean, no Norwegian, no Carnival, no Holland América, no Celebrity e muitos mais. Note-se que não detém o monopólio de leilões a bordo porque os cruzeiros Princess têm a sua própria casa de leilões a bordo! Para os clientes, é divertimento, para as companhias de cruzeiros é uma concessão como outra qualquer.
E aqui é que a “porca torce o rabo” ou que “a obra não é entregue”. É que muitos clientes que se arriscam na compra de obras durante o cruzeiro já se queixaram que não receberam as obras adquiridas. Um comprador que viajava no Regent Seven Seas Voyager em Novembro de 2006 foi atraído por um leilão onde pode ver vários Picasso e Dali a preço de saldo, segundo lhe foi dito e sem imposto. Entrou no leilão e adquiriu um desenho de Picasso de 1964 chamado “Clown”, mas ao chegar a casa e após uma pequena pesquisa na Internet descobriu que a mesma obra tinha sido vendida em Londres pela Sotheby’s, dois anos antes, por uma quantia muito inferior à que o cliente tinha comprado a bordo. Mais ainda: o turista comprou uma série de gravuras de Dali, todas elas assinadas a lápis preto e mais tarde percebeu, quando contactou um especialista que o pintor espanhol nunca tinha assinado nenhuma obra a lápis preto. O cliente contactou a Park West sem sucesso. O New York Times contactou a leiloeira e esta, horas depois contactou o cliente que andava a evitar há cerca de três anos e prometeu reembolsá-lo na totalidade.
E aqui é que a “porca torce o rabo” ou que “a obra não é entregue”. É que muitos clientes que se arriscam na compra de obras durante o cruzeiro já se queixaram que não receberam as obras adquiridas. Um comprador que viajava no Regent Seven Seas Voyager em Novembro de 2006 foi atraído por um leilão onde pode ver vários Picasso e Dali a preço de saldo, segundo lhe foi dito e sem imposto. Entrou no leilão e adquiriu um desenho de Picasso de 1964 chamado “Clown”, mas ao chegar a casa e após uma pequena pesquisa na Internet descobriu que a mesma obra tinha sido vendida em Londres pela Sotheby’s, dois anos antes, por uma quantia muito inferior à que o cliente tinha comprado a bordo. Mais ainda: o turista comprou uma série de gravuras de Dali, todas elas assinadas a lápis preto e mais tarde percebeu, quando contactou um especialista que o pintor espanhol nunca tinha assinado nenhuma obra a lápis preto. O cliente contactou a Park West sem sucesso. O New York Times contactou a leiloeira e esta, horas depois contactou o cliente que andava a evitar há cerca de três anos e prometeu reembolsá-lo na totalidade.
A inexistência de advogados a bordo que representem o potencial comprador, bem como o desconhecimento por parte dos compradores do real valor daquilo que estão a adquirir e não o valor verbalmente referido pelos vendedores como valor em potência da obra, o facto das transacções ocorrerem em mar, tudo isso faz com que os processos se atrasem e as decisões judiciais sejam contraditórias.
Picasso
Clown
1964
A Smithsonian Magazine dá-nos conta de um museu novo, completamente diferente de todos os museus que já vimos: o Museo del Falso, em Itália. O museu inclui na sua colecção um conjunto de trabalhos contrafeitos de Warhol a Mário Schifano cuja origem são os carabinieri. As obras são fruto de acções de polícia, mais concretamente, do Departamento de Protecção do Património Cultural, que conseguiu interceptar mais de 60 000 obras de arte falsas em operações por todo o país ao longo dos últimos anos. É a maior organização deste género, com 280 agentes no activo a investigar e desmantelar redes de falsificação de obras de arte em 11 cidades italianas. Em vez de se destruir as obras de arte falsas, polícia e Universidade de Salerno chegaram à conclusão que o melhor seria estudar estas obras e por isso instalaram na Universidade um Centro de Investigação de Falsificações.
A Smithsonian Magazine dá-nos conta de um museu novo, completamente diferente de todos os museus que já vimos: o Museo del Falso, em Itália. O museu inclui na sua colecção um conjunto de trabalhos contrafeitos de Warhol a Mário Schifano cuja origem são os carabinieri. As obras são fruto de acções de polícia, mais concretamente, do Departamento de Protecção do Património Cultural, que conseguiu interceptar mais de 60 000 obras de arte falsas em operações por todo o país ao longo dos últimos anos. É a maior organização deste género, com 280 agentes no activo a investigar e desmantelar redes de falsificação de obras de arte em 11 cidades italianas. Em vez de se destruir as obras de arte falsas, polícia e Universidade de Salerno chegaram à conclusão que o melhor seria estudar estas obras e por isso instalaram na Universidade um Centro de Investigação de Falsificações.
As falsificações são descobertas em galerias e lojas de antiguidades, em exposições conceituadas e museus de renome e custam zero euros a Salvatore Casilo, director do museu. A forma como as peças se encontram dispostas no museu também não é convencional: à moda da Entartete Kunst, as falsificações estão por todo o lado, no chão, penduradas nas paredes, embrulhadas e algumas ainda têm os objectos que lhe estavam associados na altura da operação, tais como pincéis, tintas e químicos que eram utilizados para dar autenticidade à falsificação.
Apesar de só se conhecer um Museo del Falso, um museu totalmente dedicado às falsificações, vários museus têm uma parte das suas instalações ocupadas a albergar quadros falsos e outros objectos que acabam por cair nas boas graças do público devido ao fascínio que exercem.
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