quarta-feira, dezembro 05, 2007

- o carteiro -
Mais uma vez postamos aqui no Belogue uma espécie de antes e depois com Rubens. Talvez não seja totalmente com Rubens, uma vez que o segundo quadro é atribuído ao pintor flamengo, mas se sabendo ao certo se é obra dele ou não. Como dissemos ontem, pode ser obra das oficinas que nasceram da influência de Rubens, dos seus aprendizes directos ou de um seguidor mais talentoso. Também aqui vale a pena (tem de ser!) contar a história de Susana e os Velhos.
Susana em hebraico quer dizer “lírio” e foi este lírio, bela jovem segundo conta a história que era casada com um homem rico chamado Joaquim. Um dia dois juízes judeus, corruptos e poderosos viram-na a tomar banho nua e tentaram seduzi-la, mas como ela começou a gritar acabaram por não ser bem sucedidos. Irritados por não terem conseguido levar a cabo os seus intentos, os dois velhos espalharam a mentira de que a viram debaixo de uma árvore envolvida com um jovem. A mentira passou e Susana foi condenada à morte. Segundo a lei judaica a pena por adultério é a lapidação. Esperava portanto a jovem uma morte dura, difícil. Deus que não dormia, enviou à Terra o anjo Daniel que interrogou os velhos separadamente pedindo a ambos que identificassem a árvore onde encontraram Susana. Como cada um apontou uma árvore diferente, a mentira foi descoberta e Susana ilibada. A lei judaica também previa que quem levantasse falsos testemunhos deveria sofrer os mesmos castigos da pessoa falsamente acusada.
No segundo quadro há mais movimento e dinamismo do que no primeiro, movimento esse conferido essencialmente pelo manto branco que forma uma diagonal no quadro. Esta diagonal cruza-se com a diagonal do cabelo ondulado da jovem. A posição da jovem também mostra esse dinamismo: no primeiro quadro Susana nem sequer está na água, está apenas sentada perto da água. No segundo quadro tenta trepar um muro, o seu corpo está em movimento enquanto a sua beleza é serena como a de uma deusa. No primeiro quadro não há reacção: Susana é como uma jovem que se vê assediada pela primeira vez e fica estática perante a ofensiva dos velhos. No segundo, mesmo incrédula (nunca ninguém está à espera), Susana reage e sobe o muro, o seu cabelo move-se, ela esbraceja, os olhos são expressivos. E mais uma vez, passamos da sombra para a luz, do recanto obscuro em que Susana toma banho quando é surpreendida, para uma clareira no segundo quadro.

Rubens
Susanna and the Elders

1607-08
Galleria Borghese, Roma


Rubens
Susanna and the Elders
1609
Hermitage

3 Comments:

Blogger João Barbosa said...

olhe que Susana é açucena...
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agora é que ela me vai bater.

5/12/07 9:34 da manhã  
Blogger Belogue said...

não percebi. susana é açucena e não é lírio? a minha fonte dizia-me que era lírio

5/12/07 9:39 da manhã  
Blogger João Barbosa said...

se reparar na fonética... mas fui ver ao dicionário onomástico e também é lírio.
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desculpe

5/12/07 11:43 da manhã  

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