segunda-feira, outubro 15, 2007

- ars longa, vita brevis -
hipócrates
Antes e depois ou “passei a achar respeitável a tendência para os “after” de Van Gogh. Como se sabe, o uso do After Millet, After Delacroix, After Doré indica o respeito e a homenagem que se pretende prestar a esses artistas. Van Gogh, como espírito atormentado que era, possivelmente desesperava com o facto de não ter sido o primeiro a lembrar-se daquela pose, daquele tema e por isso restar-lhe apenas a reprodução à sua escala. Há também uma certa honestidade nisto: no Renascimento as oficinas enchiam-se aprendizes que depois imitavam o mestre. Obviamente que o grau de reconhecimento era sempre menor, mas isso não impedia que aprendizes tivessem sucesso à custa de segredos aprendidos com os mestres e com a reprodução do que era feito pelos mesmos. Obviamente também, não se colocava ainda a questão da cópia, da autenticidade. Ao contrário de Sherrie Levine que não usa sempre o “after”, livrando-se assim da relação com o autor verdadeiro e possível acusação de plágio, optando antes pela designação de “pastiche”. Se bem que em Sherrie Levine a relação com o original não deixa qualquer dúvida. Por isso, respeito Van Gogh; os “after” não o tornam menos bom:”

Virginie Demont-Breton
L'homme est en mer


Van Gogh
The Man is at Sea
1889

Private collection