sexta-feira, outubro 12, 2007

- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou "este é um dos quadros mais estranhos de Van Gogh. Não é um tema usual no pintor holandês, é sombrio, mas sombrio como se fosse um quadro de Grosz ou Beckmann, como se o pintor tivesse viajado no tempo e visto o que Doré pintava. Viajou no tempo uns séculos para a frente e viu a pintura alemã do século XIX. Depois regressou ao seu tempo e com uma paleta que não era a sua pintou este quadro. Não é conhecido, nada o explica dentro do Pós-Impressionismo nem dentro da experiência de vida de Van Gogh. Retrata uma repressão mental e física que tanto se vê no quadro com composição na vertical, como no muro em pedra que ocupa todo o rectângulo, na roda de presos que seguem uns atrás dos outros sem espaço entre si e por fim, no conjunto com superioridade hierárquica e quase humana que emerge sem alarido no canto inferior direito. Acho que é, dos antes e depois de Van Gogh, o melhor. Se se limitou a copiar, fê-lo com bom gosto e não evitou a surpresa":

Gustave Doré
Prisoners Exercising
segunda metade do século XIX


Van Gogh
Prisoners Exercising
1890

Pushkin Museum, Moscovo