segunda-feira, outubro 15, 2007

- o carteiro -
A ansiedade no comércio da arte pode levar a que a bolha rebente ou que mantenha o crescimento. Agora que começou em Londres a chamada “Judgment Week”, os filantropos e apenas coleccionadores estão com os nervos em franja. A Christie’s pensa fazer cerca de 154 milhões de libras com os leilões deste ano, muito superiores aos 83 milhões do ano passado e aos 33 milhões de 2005. A Sotheby's por seu turno tem conjunto de 387 obras de arte nesta temporada em Londres , em comparação as 254 do ano passado e 206 de 2005. A bolsa também se pode ressentir com o efeito bolha: se forem depositadas demasiadas expectativas nesta temporada e os resultados não corresponderem às expectativas será quase trágico para a bolsa. Isso já aconteceu, mas tem vindo a mudar até ao pico atingido em Maio: a Christie’s leiloou em Nova Iorque o quadro de Andy Warhol (“Green Car Crash”, de 1963 por 71,7 milhões de libras.

A temporada começa aproveitando o fim da Frieze, que põe a descoberto muitos artistas novos. Os primeiros leilões, mais pequenos reúnem obras desses artistas e vão cativando os coleccionadores que já se encontravam na cidade para a Frieze. Tal como as semanas de moda culminam com a semana de moda de Paris, a temporada de leilões tem o ponto alto em Nova Iorque, mais lá para Novembro. (Em Nova Iorque, o Outono passado, a Christie’s fez 491,4 milhões de libras só com Impressionistas e Arte Moderna.Mas há quem pense que a bolha está no ponto para rebentar. Os economistas acham que este ano o mercado vai corrigir-se depois de anos de preços em ascensão. É possível que se abandone a tendência de apostar em arte contemporânea, sobrevivendo a esta razia a arte que se aguenta sempre.
Estes rumores fizeram com que muitos investidores que compraram a preços baixos já tenham colocado determinados pintores à disposição dos leilões. Isto acontece porque se a bolha rebentar esta é a última oportunidade que têm de conseguir algum rendimento com artistas que não tiveram tempo de o ter. Alguns especialistas dizem que os artistas mais susceptíveis de ver o seu preço não subir significativamente são aqueles que têm entre 35 e 50 anos. Um exemplo disso são os artistas da chamada escola de pintura Leipzig painters que se tornaram conhecidos no mercado recentemente. Auguram portanto que os 50 milhões de libras dados há pouco tempo por um Bacon não possam ser atingidos novamente. Esta temporada um Bacon vai a leilão e não se espera que atinja mais de 20 milhões de libras. Resta-nos esperar e pensar que se assim for, pelo menos durante um tempo apenas o crème de la crème da arte sobrará.
A Christie’s e a Sotheby’s ofereceram um bilião de libras de garantia aos vendedores de Warhols e Koonings por causa da Judgment Week. Estes bónus têm tendência a ser cada vez mais baixos: os coleccionadores pretendem garantias mais latas, as casas de leiloeiras acreditam que o preço se vai manter. O actor Hugh Grant, por exemplo, que detém a obra de Andy Warhol “Liz” espera uma garantia de que o quadro não seja vendido abaixo do preço.