sexta-feira, janeiro 06, 2006

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades ou "Depois de morto um homem é sempre santo, tal como antes de nascer"



Antes de lerem queriam que soubessem:
a) não sou anti-semita nem anti-sionista
b) sou contra a ocupação israelita da faixa de Gaza (que como se sabe é um pedaço de quintais que durante anos – desde o fim da Segunda Guerra Mundial – foram disputados ao milímetro)
Agora que Sharon luta contra a morte, e mesmo quando Arafat lutava, os meios de comunicação social fizeram das “bestas”, seres bestiais. Assim, Arafat nunca incentivou o terrorismo (tal como o entendo, a perpetração de crimes contra inocentes – o Mal Absoluto). Não sou tolinha; compreendo que para quem vê a sua liberdade cortada todos os dias nas coisas mais pequenas, como sair de sua casa para atravessar a rua, encher uma garrafa de água na fonte em frente e regressar, esta seja a única forma de luta possível. Depois da morte, ou perante ela, aqueles que contribuíram para a História sofrem uma operação de lift de carácter. Com Sharon passa-se o mesmo. Enquanto Ministro da Defesa de Israel, nunca permitiu que os falangistas do Líbano entrassem nos campos de refugiados de Sabra e Shatila em Beirute, em 1982 e matassem 2000 palestinianos em cerca de 40 minutos.

Vi muitas notícias de 2005 nos jornais e revistas portuguesas, neste fim/início de ano. Não vi nada, mas mesmo nada em relação à retirada da de judeus da Faixa de Gaza. O método de Sharon foi maquiavélico: primeiro virou judeus contra judeus durante o mês de Agosto. E quando civis e militares estavam esgotados emocional e fisicamente, foi possível fazê-los acreditar que a culpa era unicamente do povo palestiniano, que para eles terem um processo de paz, alguém ficaria sem casa e sem “pátria”. Por fim, Sharon saiu e deixou um território destruído, sem “rei nem rock”, órfão e pobre.



Este foi para mim o pior acontecimento de 2005. O outro, a nível nacional, foi a eleição de Fátima Felgueiras.