COISAS QUE EU NÃO COMPREENDO
Em Busca do Tempo Perdido - O Tempo Reencontrado (Edição Relógio d'Água, página 125)
"(...) E, quer fosse um símbolo daquela invasão que o derrotismo do senhor de Charlus profetizava, quer da cooperação dos nossos irmãos muçulmanos com as tropas francesas, a Lua esguia e curva como um cequim parecia situar o céu parisiense sob o signo oriental do Crescente."
[Proust, entre 1909 e 1922, num episódio que retrata a Primeira Guerra Mundial.]
Público de sexta-feira, 4 de Novembro de 2005 (página 2 e 3)
"(...) Nas semanas precedentes o ministro tinha ido a cidades dos subúrbios rodeado por um grande aparato de publicidade, para prometer perante as câmaras de televisão, acabar com a "escumalha" e com a "gangrena".
"(...) Não se pode dizer que se vai limpar os guetos com mangueiras de alta pressão [outra declaração recente de Sarkozy.]"
"(...) "Escumalha" para o ultraconservador ministro do interior, Nicolas Sarkozy, ou "selvagenzinhos" para o seu predecessor de esquerda, Jean-Pierre Chevènement."
Respeitando as devidas diferenças entre muçulmanos, árabes (não, não é a mesma coisa), imigrantes de Leste, magrebinos, turcos e africanos, quer-me parecer que os senhores acima referidos foram maus leitores das grandes obras do seu país (ficaram-se pelos apontamentos Europa-América?). Para quem viu o mapa e leu a notícia, vê que os responsáveis pela situação não têm uma cor diferente dos que os acusam. Diferenciam-se por, num momento da sua vida, terem sido atirados para bairros periféricos da cidade que vende mais sonhos que Hollywood, e onde marquesas sem mordomo mas com pó-de-arroz passeiam o salto alto à margem de um problema que também não é de agora. Existe há 20 anos. E parecia não existir com Proust.
[Proust é para acabar sem desculpa até final de Novembro. Mas ficam já a saber que o narrador é mesmo Marcel Proust. E Charlus é masoquista. Saint Loup é homossexual e também morre, depois de ter casado com Gilberte, o primeiro amor do narrador.]
Em Busca do Tempo Perdido - O Tempo Reencontrado (Edição Relógio d'Água, página 125)
"(...) E, quer fosse um símbolo daquela invasão que o derrotismo do senhor de Charlus profetizava, quer da cooperação dos nossos irmãos muçulmanos com as tropas francesas, a Lua esguia e curva como um cequim parecia situar o céu parisiense sob o signo oriental do Crescente."
[Proust, entre 1909 e 1922, num episódio que retrata a Primeira Guerra Mundial.]
Público de sexta-feira, 4 de Novembro de 2005 (página 2 e 3)
"(...) Nas semanas precedentes o ministro tinha ido a cidades dos subúrbios rodeado por um grande aparato de publicidade, para prometer perante as câmaras de televisão, acabar com a "escumalha" e com a "gangrena".
"(...) Não se pode dizer que se vai limpar os guetos com mangueiras de alta pressão [outra declaração recente de Sarkozy.]"
"(...) "Escumalha" para o ultraconservador ministro do interior, Nicolas Sarkozy, ou "selvagenzinhos" para o seu predecessor de esquerda, Jean-Pierre Chevènement."
Respeitando as devidas diferenças entre muçulmanos, árabes (não, não é a mesma coisa), imigrantes de Leste, magrebinos, turcos e africanos, quer-me parecer que os senhores acima referidos foram maus leitores das grandes obras do seu país (ficaram-se pelos apontamentos Europa-América?). Para quem viu o mapa e leu a notícia, vê que os responsáveis pela situação não têm uma cor diferente dos que os acusam. Diferenciam-se por, num momento da sua vida, terem sido atirados para bairros periféricos da cidade que vende mais sonhos que Hollywood, e onde marquesas sem mordomo mas com pó-de-arroz passeiam o salto alto à margem de um problema que também não é de agora. Existe há 20 anos. E parecia não existir com Proust.
[Proust é para acabar sem desculpa até final de Novembro. Mas ficam já a saber que o narrador é mesmo Marcel Proust. E Charlus é masoquista. Saint Loup é homossexual e também morre, depois de ter casado com Gilberte, o primeiro amor do narrador.]
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