segunda-feira, novembro 20, 2017

- ars longa, vita brevis -
Hipócrates


antes e depois ou como "sob-a-inflência-do-Morrissey-a-gente-até-descobre-umas-coisas-jeitosas" ou como "não-são-novidade-no-sentido-absoluto-mas-sempre-te-deu-algum-prazer", ou como "a-gente-tem-de-ter-prazer-em-alguma-coisa", ou como "que-seja-nisto".  pois é. boltamos ao japonesismo e aos impressionismo. Um bocadinho de cada nunca fez mal a ninguém. Quando no século XIX o Japão se abriu ao Ocidente (ou pelo menos o Ocidente acha que foi assim, que foi uma abertura por influência ocidental) enviou para esse mesmo Ocidente embaixadores que pudessem formar aqui uma imagem do que era aquilo lá. Vai daí, mandaram carregam barcos com o que de melhor sabem fazer e ordenaram que os mesmos fossem descarregados nas muitas Exposições Mundiais que o Ocidente fazia no século XIX. Ele era porcelanas, ele era sedas, biombos, telas. E esse Ocidente civilizado e farto, cansado de um modelo estético com o qual já não se identificava, sorveu até ao tutano o que lhe foi dado. O Japão trouxe a linha em vez da luz e sombra, deu um sentido decorativo aos motivos geométricos (veja-se o efeito das escamas do peixe), trouxe novos formatos (a mimetizar os rolos japoneses) e trouxe um novo entendimento e leitura das imagens, já que reduziu o número de planos (muito útil para as litografias publicitárias da época). Estas duas imagens, porém desarmam qualquer um. São um exemplo muito flagrante desta influência da cultura japonesa no Ocidente, já que na imagem de baixo vemos uma reprodução do elemento central da imagem de cima. Mas o mais engraçado é que isto não é uma rua de Paris ou que qualquer outra cidade europeia. Esta tela é o resultado de um fenómeno menos conhecido - mas pelos vistos, real - de passagem dos artistas europeus pelo Japão. Van Gogh, que muito se socorreu das soluções da arte japonesa para sua própria arte não foi ao Japão. Manet também não. Mas este moço, este Louis Dumoulin, foi e pelos vistos foi lá, que com a técnica impressionista, pintou uma cena totalmente japonesa (parece uma antítese, mas ele conseguiu). Bom, é outra forma de ver a influência do Japão na arte europeia do século XIX. beijinhos, durmam bem e cuidado com o papão.



















Utagawa Hiroshige
Suido bridge and Surugadai, from One Hundred Famous Views of Edo
1856-58


















Louis Dumoulin
Carp banners in Kyoto
1888
Museum of Fine Arts, Boston