segunda-feira, agosto 01, 2016

- ars longa, vita brevis -
Hipócrates

obras de arte estranhas... humm...
 
fui ver uma exposição de obras de arte estranhas. sim, porque eu também vou ver exposições. quase nunca, verdade seja dita. agora que trabalho em arte e com arte, nunca vi tão pouca arte. por isso os posts são mais sobre literatura (tenho sempre umas horas para ler no comboio. nada que exija muito pois com o barulho é difícil concentrar). mas lá fui eu ver essa exposição com o meu bloquinho de apontamentos, garrafa de água e o telemóvel no bolso. tirei apontamentos de quase todas as obras e só quando cheguei ao fim é que me lembrei que podia ter tirado fotografias às legendas. enfim, uma parvoíce estranha a combinar com as obras que não sendo parvoíces, são estranhas... humm...

 
 
 
Ambroise Crozat
A visão de Zacarias
1722
Museu dos Agostinhos, Toulouse
[olhos no cimo das escadas]




















Jacques-Fabien Gautier d'Agoty
Femme vue de dos, disséquée de la nuque au sacrum, dite "l'Ange anatomique"
1745
Biblioteca Nacional de França
[quimera]























Escola Francesa
Louis-Antoine de Gontaut, duque de Biron, enquanto pavão
século XVIII
Palácio de Versalhes
[o título diz tudo]
























Anónimo Flamengo
Díptico satírico
1520-1530
Colecção da Universidade de Liége
[palavras para quê]





















Ambroise Frédeau
Le bem-aventurado Guilherme de Toulouse atormentado por demónios 

1657
Museu dos Agostinhos, Toulouse
[e que demónios, credo!]




















Pierre Mignard
Les Temps coupant les aisles de l'amour
1694
[coitada da criança]




















Hans Wechtlin
L'homme blessé
1517




















François Boucher
La toilette intime
1742
[o que é que ela está a fazer? xixi para um recipiente?]
















Jacques Stella
Christ entoure de croix
XVII
[de quantas cruzes precisas?]



















Bartolome Passerotti
L'Allegorie de Cinq-Sens
XVI
[aquela mamoca era desnecessária...]




















Jean Huber
Le lever de Voltaire à Ferney
1772
[Voltaire de calças na mão]















Jean Jacque Lagrénee, le jeune
Taça em forma de seio, dito de Maria Antonieta
1788





















Escola Francesa
La Chasse à la chouétte
Século XVII
[os pássaros têm rosto de homem]

1 Comments:

Anonymous pedro b. said...


Em relação ao quadro de Boucher, La toilette intime: trata-se de uma espécie de urinol portátil para senhoras, chamado ‘bordaloue’. Era utilizado no séc. XVIII em espaços públicos ou semipúblicos (na altura não existiam casas de banho públicas) ou mesmo em casa de estranhos. Permitia às senhoras das classes média-alta urinar sem sujarem os vestidos e as saias de baixo, muito compridas e cheias de folhinhos.

A wikipédia não tem uma entrada sobre o assunto, mas refere-o, por ex. aqui:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Pot_de_chambre
« Une forme particulière d'urinoir portatif, le bourdaloue ou bourdalou, a été conçue pour les femmes. La forme ovale ou rectangulaire, avec une face permettait aux femmes d'uriner debout ou accroupie, sans grand risque d'erreur, et de préserver les vêtements »
Embora no artigo acima se refira apenas o séc. XVIII, o uso do bourdaloue durou até ao século XIX, como pode ver-se aqui:
https://janeaustensworld.wordpress.com/2012/07/16/regency-hygiene-the-bourdaloue/

Até muito recentemente era comum, em diversos povos da Europa incluindo Portugal, as mulheres do povo urinarem de pé. As senhoras da aristocracia e mesmo as burguesas conseguiam fazer o mesmo recorrendo ao ‘bordalue’. Note-se que até inícios do séc. XIX as senhoras não usavam cueca ou ‘calcinhas’; as ‘pantalettes’, inventadas em França e adoptadas depois noutros países, serviam sobretudo para cobrir as pernas, especialmente devido ao uso das saias ‘criolina’, muito armadas, da década de 1850 (numa época em que só o visionamento do tornozelo era já considerado erótico!) Até essa altura a falta de cuecas era compensada pelo uso de várias anáguas ou saias de baixo. As próprias ‘pantalettes’ consistiam frequentemente em duas peças (‘pernas’) separadas, não funcionando portanto como cueca; mesmo a versão de peça inteira era igualmente aberta no meio das pernas para as senhoras poderem proceder à sua ‘higiene’.

Segundo a lenda, o nome ‘bordaloue’ deriva de um célebre jesuíta francês do séc. XVII, Louis Bourdaloue, cujos sermões eram tão longos que as senhoras se dirigiam à igreja preparadas de antemão (obs.: o ‘bordaloue’ era transportado pela criada, que também procedia aos ‘despejos’). Porém, a maioria dos historiadores recusa esta explicação considerando-a demasiado fantasiosa.

9/8/16 12:27 da tarde  

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