terça-feira, outubro 23, 2007

- o carteiro -
[exposições]
Antes de fazer esta pesquisa deparei-me com um artigo no The Guardian que falava da necessidade de rever a História da Arte após 1950, pois a arte tal como a concebemos com a sua contextualização geográfica e temporal deixa de fazer sentido numa altura como esta em que as diferentes manifestações artísticas se imiscuem nas áreas umas das outras, sem que isso cause escândalo, estranheza ou rejeição. A própria aceitação de ideias que antes seriam facilmente banidas sem um espaço de tempo muito grande a separar os dois momentos, é um indicador de que a organização da Arte não é linear.

A época das exposições que começou agora por estes dias, apresenta uma novidade. Antes de mais teremos de fazer referência aos habituées: várias exposições de impressionistas que são dinheiro em caixa garantido, Picasso como sempre, nomes do Renascimento Italiano, dois ou três da pintura flamenga, duas exposições dedicadas à cidade de Barcelona (e não são em museus espanhóis) e Hockney (Graças a Deus Nosso Senhor!). A novidade vem do Oriente, uma vez que o que se nota nas exposições que acabaram de abrir nos museus mais visitados do mundo são dedicados à China ou ao Japão bem como, em dois casos que não são particularmente relevantes mas um indício de uma inclinação da arte para seguir a economia, que se dedicam a civilizações antigas. O centro económico já não está no Atlântico nem na Europa tendo deslocado-se para o oriente e a Arte seguiu-lhe os passos.

Em Londres, no British Museum podemos ver a exposição "The First Emperor: China's Terracotta Army.", que foca uma das descobertas arqueológicas mais importantes do século XX; ou seja, mostra 12 guerreiros em terracota de Xian, bem como músicos e acrobatas. Este exército de brincar estava enterrado juntamente com o corpo do Imperador Qin Shihuangdi, o primeiro imperador da China. A exposição também mostra alguns aspectos da vida do imperador. (Até 6 de Abril)
Na China, no Beijing World Art Museum estará patente a exposição "The Great Civilizations." É fruto de uma colaboração entre instituições americanas e europeias e tem como objectivo levar aos museus o público chinês para este ver a sua própria arte, bem como a de civilizações da Mesopotâmia, Egipto, Grécia e Roma, as civilizações Maia e Indiana. (até 2008) .
Também na China, no Capital Museum surge a exposição "Classical Greece at the Louvre: Masterpieces of the 5th and 4th Centuries B.C." que tem um propósito curioso, uma vez que este museu, originário de uma parceria entre a França e a China está entre os vários construídos para inaugurar a tempo dos Jogos Olímpicos de 2008. Foi o próprio Louvre (que não precisa de miudezas) a fornecer ao novo museu cerca de 130 estátuas, vasos e figuras em terracota, bem como objectos de ouro e prata da civilização grega, o berço dos Jogos Olímpicos (até 9 de Novembro).
No Zendai Museum of Modern Art a exposição "Refresh: Emerging Chinese Artists." Irá mostrar muitos artistas contemporâneos que frequentemente não têm lugar em bienais nem em feiras, mas que começam a ser fortes concorrentes perante os artistas ocidentais nos mercados de arte. A aposta em artistas chineses parece fazer parte desta febre pelo exotismo. Esta exposição conta com os trabalhos de 36 artistas chineses da nova vaga (até 8 de Novembro).
A exibição “Chan Ky-Yut: Voix Visibles"patente no Musée Cernuschi em França concentra-se na arte do artista Chan Ky-Yut que aproveitou a sua formação oriental (caligrafia) e trabalhou-a de forma ocidental (até 30 de Dezembro).

Em Munique, na Pinakothek der Moderne a mostra a ver é "Humanism in China: Ein Fotografisches Portrait." que apresenta a China que se esconde atrás da explosão económica e social que a modernização do país tem proporcionado. O mais interessante é que os trabalhos são da autoria de fotógrafos locais que captaram as modificações no país ao longo de cerca de 50 anos. A exposição está dividida em temas: existência, relacionamentos, desejo e tempo, conta com 500 fotografias de 250 artistas. (28 de Outubro).

Em Hong Kong, no Flagstaff House Museum of Tea Ware poderá ser vista a exposição "2007 Tea Ware by Hong Kong Potters." que como o nome indica propõe uma visita por cerca de 90 criações que tentam promover a arte cerâmica e a arte do chá (até 18 de Fevereiro).
No Hong Kong Art Museum pode ver a exposição "Gems of Chinese Ceramics from the Hong Kong Museum of Art." Que tem como objectivo mostrar o desenvolvimento da porcelana chinesa desde o Neolítico até à dinastia Qing, tanto no que diz respeito aos motivos como às técnicas. (até o fim de 2008)
A febre amarela chegou também a Israel, ao Israel Museum of Art com a exibição "Made in China: Contemporary Art from the Estella Collection". Apesar de o Museu de Israel ter vários bronzes da porcelana Ming esta mostra recai na obra de 60 artistas chineses já conhecidos. (até 3 de Janeiro)

No Groninger Museum o nome da exposição é inequívoco: “Japan” e resulta da colaboração entre três museus holandeses. A exposição mostra uma vasta colecção de porcelanas japonesas que acabaram por substituir as chinesas aquando a conquista do século XVII. (até 20 de Janeiro)

Em Singapura, no Asian Civilisations Museum a exposição "Chinese Snuff Bottles." levará ao público mais de 350 garrafas em jade, vidro e marfim pertencentes ao imperador. (até 7 de Novembro)
Na Coreia do Sul, em Seoul, a exposição "Performance Art of Korea 1967 - 2007." apresenta-se no National Museum of Contemporary Arts e relata a performance art na Coreia durante o período referido, colocando a tónica no facto desta nem sempre ter sido bem aceite e da sua efemeridade estar na base do interesse por ela gerado. Nam June Paik estará representado. (até 28 de Outubro)
Já no Seoul Museum of Art a exposição é "City_net Asia 2007”, uma colaboração entre vários museus que tem como objectivo mostrar 60 artistas contemporâneos que lutam nas suas obras por expor a sua identidade artística e as mudanças económicas do país. (até 11 de Novembro)
E por fim, nos Estados Unidos mais concretamente em Boston no Museum of Fine Arts a exibição "Drama and Desire: Japanese Paintings From the Floating World, 1690-1850", uma exposição que mostra a obra de um dos períodos mais prósperos a nível cultural no Japão. (até 16 de Dezembro)