sábado, junho 23, 2007

- ars longa, vita brevis -
hipocrates
repito aqui o post do ano passado e não me arrependo. O poema é exímio na explicação daquilo que para nós aqui no Belogue é o São João: um lugar ao qual não se pertence, não por opção, mas uma divisão humana feita por mão divina (ou por cabeça humana), memórias mal guardadas, sempre com uma ponta de fora na gaveta onde deviam estar em hibernação, a incompreensão e consequente revolta, uma alegria pueril mas por isso mesmo ambicionada, a ingenuidade, o fogacho, mais que a fogueira, a partilha impossível comida pela saudade e pela solidão. mesmo no meio de muita gente.


Noite de S. João para além do muro do meu quintal.
Do lado de cá, eu sem noite de S. João.
Porque há S. João onde o festejam.
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite,
Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos.
E um grito casual de quem não sabe que eu existo.

(Noite de São João, Alberto Caeiro)