COISAS QUE EU NÃO COMPREENDO
Caravaggio
The incredulity of Saint-Thomas (detalhe)
1601-1602
Neus Palais
["I wanna sex you up"]
["I wanna sex you up"]
Entrou no elevador, fechou a porta atrás de si, carregou no botão e descansou as mãos no varão do cubículo. Sentiu qualquer coisa e olhou. Penduradas e fechadas no varão estavam uma algemas, e não eram de plástico!
["Let's talk about sex"]
- Olhem este conjunto de roupa interior que eu comprei. Não é lindo? Principlamente nos pormenores: preto transparente às bolinhas pretas em veludo. É uma combinação de texturas mesmo estranha! Mas resulta...
A loira enquanto põe a mão:
- Tu mal sabes...
(Eu mal sei o quê?)
A morena:
- Ai texturas! Deixa estar que ele vai mesmo reparar nisso!
(Ele quem? Será ele com letra maiúscula? Será Deus? Será que Deus é travesti?)
- Eles até comem rebuçados com papel?
(Papel? Mas não estávamos a falar de Deus e de roupa interior?)
- Se vestires isso, não demora muito a tirares. Ele nem vê o embrulho. Tanto faz estarem com um fato de neve como com papel celofane...
(Cá está, papel outra vez...Lapso freudiano?)
...que para ele é igual...
(Mas quem é ele?)
... come-te e nem repara.
(Mau!)
- Os homens são assim!
- Ah pois são! Quando a relação vai no início ainda reparam nessas coisas...
- Depois, nem reparam no que vestes. Só querem que o dispas. E muito menos em texturas.
- Porque isto das relações...
(Papel? Mas que papel? Que mal têm as texturas? Mãe, anda-me buscar que estas senhoras avariaram e eu não sei onde está o botão para desligá-las.)
["My favourite mistake"]
- Olha, acho que devias ler este livro. É do Pearl Buck.
Aproximo-me para me certificar que estão a falar da Pearl S. Buck. O livro era "Onde mora a felicidade"
- Sim parece-me giro. O que é que ele escreveu mais?
- Ora vamos ver aqui na contracapa.
Afastei-me para a secção de autores proibidos. O risco de me deparar com erros destes era muito menor. Não imaginava um senhor a dizer à sua esposa: "Lê aqui a Fernando Pessoa. É muito boa escritora."
A loira enquanto põe a mão:
- Tu mal sabes...
(Eu mal sei o quê?)
A morena:
- Ai texturas! Deixa estar que ele vai mesmo reparar nisso!
(Ele quem? Será ele com letra maiúscula? Será Deus? Será que Deus é travesti?)
- Eles até comem rebuçados com papel?
(Papel? Mas não estávamos a falar de Deus e de roupa interior?)
- Se vestires isso, não demora muito a tirares. Ele nem vê o embrulho. Tanto faz estarem com um fato de neve como com papel celofane...
(Cá está, papel outra vez...Lapso freudiano?)
...que para ele é igual...
(Mas quem é ele?)
... come-te e nem repara.
(Mau!)
- Os homens são assim!
- Ah pois são! Quando a relação vai no início ainda reparam nessas coisas...
- Depois, nem reparam no que vestes. Só querem que o dispas. E muito menos em texturas.
- Porque isto das relações...
(Papel? Mas que papel? Que mal têm as texturas? Mãe, anda-me buscar que estas senhoras avariaram e eu não sei onde está o botão para desligá-las.)
["My favourite mistake"]
- Olha, acho que devias ler este livro. É do Pearl Buck.
Aproximo-me para me certificar que estão a falar da Pearl S. Buck. O livro era "Onde mora a felicidade"
- Sim parece-me giro. O que é que ele escreveu mais?
- Ora vamos ver aqui na contracapa.
Afastei-me para a secção de autores proibidos. O risco de me deparar com erros destes era muito menor. Não imaginava um senhor a dizer à sua esposa: "Lê aqui a Fernando Pessoa. É muito boa escritora."
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