sexta-feira, novembro 11, 2005

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS

Cecília (I)

Quando Leonardo da Vinci trabalhava na corte dos Sforza em Milão para o seu senhor Ludovico, o Mouro, fazia também um pouco de food styling. As suas preferências quanto à comida e a forma como esta deveria ser apresentada diferiam muito das do seu amo. Um dia, num jantar na corte dos Sforza, Leonardo contrariando ordens de Ludovico, resolveu apresentar a cada um dos convidados uma beterraba com o rosto do Senhor de Milão esculpido. Para isso era necessário uma parafernália de artistas e instrumentos que transformaram a cozinha num estaleiro.

A certa altura, Ludovico e os seus convidados que esperavam pelo jantar há mais de uma hora, ouviram gritos e explosões. Dirigiram-se para a cozinha e aquilo que viram foi, como descrito por um dos convivas, um "manicómio": comida pelos ares, água no chão, os instrumentos de Leonardo como monstros assustadores.

Quando Ludovico Sforza e os seus convidados conseguiram sair da cozinha, deparam-se no salão com um Leonardo cabisbaixo segurando na mão uma beterraba com o rosto do seu amo esculpido. Ludovico não tendo coragem para repreender Leonardo e com receio do mau feitio do artista propôs-lhe uma estadia no campo e a sua favorita, Cecília Gallerani para este pintar. Cecília é a senhora do arminho.


Leonardo da Vinci
Dama com arminho
1483-1490
Czartoryski Museum, Cracóvia