sexta-feira, outubro 28, 2005

TÃO LÍRICOS QUE NÓS ESTAMOS (II)

-Acha bem?
-Desculpe?!
-Acha bem utilizar a minha Ofélia assim como uma adolescente.
-Caro senhor, não fui eu, foi o autor desta coisa nova, este... Como é que se diz?
-Blog.
-Blog, exactamente. Eu também sou uma vítima. Veja o que fizeram com a minha engomadeira.
-Ora... A sua engomadeira está descrita tal como é: uma mulher de trabalho. A minha Ofélia parece uma adolescente com tendência suicidas.
-Mas não é o que ela é?
-Ela está morta homem! Pelo amor de Deus, respeite uma das maiores obras de arte de sempre.
-Você não é aquele dos Pré-Rafaelitas?
-Sou. E você não é aquele dos impressionistas?


Edgar Degas
Self-Portrait
1885
Musée d'Orsay, Paris


- Nunca me identifiquei com isso.
-Nota-se. Morreu sozinho e hipocondríaco.
-E você morreu corno. Ou acha que eu não sei que a sua mulher o traiu com o John Ruskin.
-Um pulha, esse tipo.
-Então deixe-se de coisas. Acha que me vai levantar um processo, é isso?
- Oh meu Degas. Como as coisas andam você ía para o Brasil, vinha, era eleito o maior pintor de sempre e ainda lhe pediam desculpa.
-Um absinto?
-Uma água sem gás. Natural.



Sir John Everett Millais
Self-Portrait
1880
Galleria degli Uffizi, Florença

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

tão bom...

28/10/05 1:40 da tarde  
Blogger formiga bargante said...

Beluga

Não imagina como é bom lêr (já que vêr eu também não consigo...)estes exercícios de inteligência!

É daquelas coisas (o seu trabalho neste blogue) que nos faz acreditar um bocadinho neste pais.

Obrigado

28/10/05 3:55 da tarde  

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