sábado, julho 20, 2019


- não vai mais vinho para essa mesa -


o tiro no pé























ou como o Expresso necessita de um professor de português (dos que não fazem greve, ou dos que fazem, é-me igual), para nos impedir de hiperventilar ao ler esta frase.

15 Comments:

Anonymous Anónimo said...



Touchée...

22/7/19 6:59 da manhã  
Blogger Belogue said...

Voilá…
(foi a única palavra em francês, que me ocorreu)

22/7/19 11:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não se pode dizer ,que pratica o estilo de José Cutileiro :))
Mas o parágrafo é, de facto, de tirar o fôlego. Lembra-me o monólogo de Hamlet pela extensão e pelo conteúdo. Ambos sobre a morte e ambos extensos. Que interessante... Uma ajuda para compreender o ziguezague de Hamlet.
Fique bem.

23/7/19 8:34 da manhã  
Blogger Belogue said...

Deixe-me descer consideravelmente na sua consideração (e na minha): nunca li Hamlet. Li outras coisas. Neste momento estou a ler Zola. Conta?

24/7/19 12:09 da manhã  
Blogger Belogue said...

(desculpe, hoje estou especialmente ácida.)

24/7/19 12:16 da manhã  
Anonymous Anónimo said...


Bom dia Beluga.
Quanto a não ter ainda lido ou assistido ao Hamlet, só me ocorre uma palavra em francês: hélas. Eu, pelo meu lado, estou em vias de resolver a minha questão Hamlet. Freud, deu uma explicação elegante, o complexo de Édipo e o facto de Hamlet esconder os mesmos desejos que seu tio em relação à rainha. Ora bem, o teatro de Shakespeare é puro teatro no sentido em que só tem explicação cabal no teatro e com os meios do teatro. Não sei se Freud desenvolveu o complexo de Édipo até dar-lhe o cariz do que se poderia chamar um complexo de diferenciação, mas a solução parece-me estar mais por aqui. Talvez Freud tenha visto isto, ele não dizia tudo ou só dizia o que a sua teoria podia explicar. Mas o que é um facto é que aproximou tio e sobrinho. E mais não digo porque a Beluga também se fecha em copas por tudo e por nada (se por acaso sabe quais são os textos essenciais de Freud sobre o complexo de Édipo, queira fazer o favor de os indicar. Tenho acesso a obra completa, a edição supervisionada, editada ou avalizada(?) por Anna Freud e gostava de os ler.)
Quanto ao Zola, também não o li: queira fazer o favor de indicar dois ou três títulos de referência: ainda tenho lugar para mais uma ou duas leituras de verão.
Quanto ao affaire Maurier, se Laura já sabia que o marido estava morto it would have been most inappropriate regressar a Veneza vestindo o casaco vermelho. E a partir daqui o conto torna-se um caleidoscópio. Se encontrou uma solução queira fazer o favor de a partilhar com os seus leitores
Tenha um bom dia.

25/7/19 9:05 da manhã  
Blogger Belogue said...

Caro anónimo

Para lhe responder em francês, tenho de me socorrer dos nossos emigrantes e da expressão "ah, puf…". Sou como o ar: não tenho qualquer conteúdo, não sei nada (ou quase nada) sobre Freud, nunca li Freud, nunca li o Hamlet. Aos 14 anos li quase tudo que o Ediclube vendia juntamente com aparelhagens topo de gama: "Sonho de uma Noite de Verão", "Romeu e Julieta", a "Cartuxa de Parma", "O Inferno" (Dante), Madame Bovary, Dama das Camélias… Os clássicos. Mas sou muito limitada. Ah oui, c'est ça. Os meus comentários serão sempre superficiais, como o cinema do Manoel de Oliveira será sempre teatro, por usar os meios do teatro. Não quer ser cinema, quer ser teatro. Nem sempre fui assim. Ultimamente toda a minha energia, criatividade e prazer foram sugados por um buraco negro. Mas aproveito para me fechar em copas novamente e não revelar mais acerca disso.

O Zola não está ao nível do Balzac apesar de, como este, ter construído a sua "Comédia Humana" (chamada "Rougon-Macquart). Estou a ler "Nana" que ao princípio me parecia uma história "plain", mas tem surpreendido por mostrar uma personagem um pouco mais complexa do que fazia crer a badana (nunca confiar na badana de um livro!). Ela não é a típica mulher sedutora, bela, que usa artimanhas para conseguir aquilo que quer. Ela nem quer aquilo que os outros lhe dizem que quer! Não aconselho Zola. Só estou a ler pois nunca deixo um livro a meio. Posso aconselhar outra leitura? Robert Walser: admiro aquela forma de viver quase sem existir. E a vida dele, o seu auto-internamento num manicómio, faz-me lembrar a personagem principal da Montanha Mágica do Thomas Mann e um conto do Dino Buzzati (agora não sei o nome…). Ou os "Últimos Escritos" de Tolstoi (edição de "não faço ideia").

Daphne du Maurier… num destes dias estava a ouvir a Antena Dois e falavam desse conto. Terei de o reler, pois não tenho ideia de ela saber que ele já estava morto… Em que se baseia para dizer isso? Não diga. Vou ler o conto novamente e digo qualquer coisa.
Au revoir

27/7/19 12:21 da manhã  
Anonymous Anónimo said...


Bom dia Beluga

Estarei alguns dias ausente nas tradicionais vacanses estivais. Serão uns poucos dias, uma semanita ou talvez um pouco mais.
Respondo-lhe assim que voltar
Muito obrigado.
Fique bem

29/7/19 8:21 da manhã  
Anonymous Anónimo said...



Bom dia Beluga

Se não se importar, responderei aos dois primeiros parágrafos com mais tempo. Traçou um retrato de si própria que parece feito para a badana de um livro. Será para acreditar? Parece-me que não. Este blogue está repleto de efabulações, entrelinhas e subentendidos. A Beluga adora isto. Ou muito me engano ou um dos seus comentadores, um certo comentador a "preto e branco", digamos assim, é um alter ego seu. É sobre tudo isto que estou a refletir. Ou então apanhei muito sol na moleirinha.

Daphne du Maurier. Acho que ouviu o mesmo programa que eu ouvi. Foi na segunda semana de Maio, salvo o erro cronológico, cerca do meio-dia. Por favor confirme se é exacto. Oiço-o sempre com muita atenção e vale sempre a pena. Parece-me que o conto ficou bem explicado. Mas com tantas referências cruzadas é fácil perdermo-nos. Se releu o conto diga, sff, se o que eu escrevi sobre o casaco de Laura faz sentido.
Muito obrigado
p.s. lamento que esteja a ser " sugada por um buraco negro". Disponha deste seu leitor para aquilo que for preciso

31/7/19 11:12 da manhã  
Blogger Belogue said...

Caro anónimo

Olhe que não está mal pensado: criar outro alter ego para comentar… humm (estou a cofiar o bigode enquanto penso).

Então, e uma vez que tudo começou com Hamlet:
"Too much ado about nothing": ouvimos o mesmo programa. Só que eu ouvi em Julho numa sexta-feira à noite (tenho quase a certeza disto). Talvez tenha sido uma repetição, mas o programa deve ser o mesmo. Falava-se da insatisfação da autora com a adaptação d'"Os Pássaros" para cinema e do seu gosto pelo gótico, pelo sombrio.
Sim, o que escreveu sobre Laura faz todo o sentido: John tinha poderes mediúnicos, segundo as gémeas, e quando as viu no barco, viu-as no futuro (aliás, elas dizem-lhe isso). E o erro está aí. Ele vê Laura a regressar a Veneza, chamada certamente por causa da morte dele, mas ela traz o casaco vermelho, o que para uma viúva não é nada conveniente. Nunca conseguiria reparar nesse pormenor se não tivesse falado disso. Li os contos e não notei nada de estranho. Talvez só no conto acerca do homem que resolve matar uma pessoa e acaba a pintar! Em vez de terem ido comprar lenços e postais, Laura e John deveriam ter ido à Armani comprar um casaco preto (embora não parecessem um casal muito próspero. Por várias vezes se fala em custos e gastos nesse conto. E isso sim, intrigou-me)

Bem, vou indo. Au revoir!

1/8/19 12:20 da manhã  
Anonymous Anónimo said...


Bom dia

Muito obrigado pela sua resposta. Lá vou eu reler o conto por causa da questão dos custos, que me passou completamente ao lado. Quanto não vale trocar comentários com uma boa leitora...hummm...Eu sou um leitor preguiçoso. Mas quando um autor me entusiasma, como é o caso, posso ficar anos a meditar num livro. O sinal de que estou entusiasmado é que começo a protelar o fim da leitura , desejando que o livro não acabe. Só agora li o segundo conto, "A macieira" Ainda não lhe encontrei nada de estranho. As mãos parecem ser um bom fio para a meada. Midge, a mulher-a-dias , o jardineiro, todos trabalham muito com as mãos e é quando está a fazer trabalho manual na quinta , durante a guerra, que o marido de Midge tem o breve caso com May. Mas tudo isto parece demasiado exposto para o nível de sofisticação que D.M. consegue. Talvez não haja mesmo nada a assinalar e se trate apenas de uma boa história. Mas com esta Sra. todo o cuidado é pouco...
Quanto ao Armani, à data de escrita do conto, era muito difícil colocar Laura e John a fazerem compras na Armani :))
Fique bem

1/8/19 9:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...


Bem., para terminar o assunto Daphne du Maurier e deixá-la ir de férias

Precisei de algum tempo para perceber que casal é que D.M. descreve no conto "A Macieira".
A procura de explicações para o comportamento dos protagonistas, aproximou-me da psicologia mas, afastou-me da literatura, digamos assim.É interessante pensar, por exemplo, porque é que o casal não teve filhos e que influência isso teve na sua vida.
Mas Midge pode ser simplesmente descrita como uma mulher amarga ( bitter). E num texto literário sobre maçãs isto faz todo sentido e é suficiente como explicação. Mas que o marido também se tenha tornado amargo a pouco e pouco, já não está tão explícito, no conto. O comportamento final dele fica assim explicado e as peripécias com a lenha são isso mesmo, peripécias literárias, tal como as mulheres implicativas são anedotas de salas de espetáculos É a literatura a querer ser ,e a ser literatura, e da boa, e não outra coisa qualquer
Curiosamente isto ajuda a explicar o facto que me parece mais extraordinário no conto e que deve ser muito interessante também para os psicólogos: porque foi que o marido não voltou a procurar May depois do breve encontro que tiveram?
É tudo um pouco como no Hamlet, mutatis mutandis. O mal espalha-se a todos e não há quem lhe escape, embora isso não seja logo evidente. Se já viu o "Sétimo selo" de Bergman, compreende a referência a Elsinore.
Boas férias então e tente manter o bigode seco:))
Fique bem



3/8/19 5:46 da tarde  
Blogger Belogue said...

Não sei bem se isto são férias. (e sim, estou a chorar enquanto escrevo isto).

Posso dizer-lhe que terei de rever "O Sétimo Selo" (o meu "Bergman" preferido é "Sonata de Outono"). A Midge tem algumas semelhanças com a esposa do homem que resolve matar alguém e acaba a pintar (num outro conto): domesticadas (domésticas, talvez), habituadas, submissas… Quanto a May: nunca voltes ao lugar onde foste feliz.


Vou para dentro.
Boas férias!

3/8/19 9:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...



Um conselho para a próxima vez, Beluga: vá para dentro antes de começar a chorar; fica sempre mal ver uma senhora com o bigode perlado de lágrimas :)))

5/8/19 2:43 da tarde  
Blogger Belogue said...

Ouvi dizer que hidrata os pêlos mais rebeldes e desobstrui o folículo.

6/8/19 12:39 da manhã  

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