- não vai mais vinho para essa mesa -
psiquiatra - mas a outra pessoa pode estar a pensar exactamente a mesma a coisa, do outro lado...
eu - isso não existe. isso existe nos maus filmes e tanto eu como o senhor gostamos de bom cinema.
psiquiatra - mas o bom cinema é a excepção e vida não é feita das excepções, é feita das regras.
eu - vou-lhe dar outra analogia.
psiquiatra - sim...
eu - imagine uma marca de calças de ganga. imagine a Salsa.
psiquiatra - tinha de começar a falar em comida...
eu - já sabe que eu puxo sempre a brasa à minha sardinha.
psiquiatra - outra vez!
eu - raios! apanha-me sempre!
psiquiatra - ahahahahahahah... mas conte lá. estou curioso.
eu - imagine a Salsa. imagine que numa colecção a Salsa cria umas calças e prevê que aquele modelo e número seja comprado por mil mulheres. no fim percebem que as calças não ficam bem a 250 mulheres. de quem é a culpa?
psiquiatra - das calças!
eu - não! das mulheres! isto é o ocidente: as maiorias ganham. ainda que por vezes as maiorias sejam idiotas...
psiquiatra - mas as pessoas não são calças.
eu - pois não são calças, mas não pode negar que se aquelas 250 mulheres não vestem as calças é porque há alguma coisa nelas - errado ou não. não estou a dizer que é errado - que faz com que elas não consigam vestir aquelas calças. por isso eu vou pela maioria e se com a maioria correu tudo bem e comigo não, então eu sou como uma dessas 250 mulheres. tenho portanto (tenho ou fiz, ou disse...) alguma coisa que não me permite mais.
psiquiatra - ... vamos voltar ao cinema...
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