quarta-feira, fevereiro 20, 2013

- não vai mais vinho para essa mesa -

Filipe II tinha um colar de oiro
tinha um colar de oiro com pedras
rubis.
Cingia a cintura com cinto de coiro,
com fivela de oiro,
olho de perdiz.

Comia num prato
de prata lavrada
girafa trufada,
rissóis de serpente.
O copo era um gomo
que em flor desabrocha,
de cristal de rocha
do mais transparente.

Andava nas salas
forradas de Arrás,
com panos por cima,
pela frente e por trás.
Tapetes flamengos,
combates de galos,
alões e podengos,
falcões e cavalos.

Dormia na cama
de prata maciça
com dossel de lhama
de franja roliça.
Na mesa do canto
vermelho damasco
a tíbia de um santo
guardada num frasco.

Foi dono da terra,
foi senhor do mundo,
nada lhe faltava,
Filipe Segundo.

Tinha oiro e prata,
pedras nunca vistas,
safira, topázios,
rubis, ametistas.

Tinha tudo, tudo
sem peso nem conta,
bragas de veludo,
peliças de lontra.
Um homem tão grande
tem tudo o que quer.

O que ele não tinha
era um fecho éclair.

(Poema do fecho eclair, António Gedeão)

4 Comments:

Blogger Unknown said...

maravilhoso (smile)

20/2/13 10:19 da tarde  
Blogger Belogue said...

eu também achei. e o Filipe II também achou. disse-me ele por facebook

21/2/13 12:20 da manhã  
Blogger Unknown said...

ai que ainda me ganha para a causa das redes sociais (smile)

21/2/13 9:29 da tarde  
Blogger Belogue said...

facebook? lagarto, lagarto, lagarto!

21/2/13 11:42 da tarde  

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