- ars longa, vita brevis -
hipócrates
antes e depois ou "olá, tudo bem? então cá estamos... aviso desde já que isto não está nada de especial, como sempre. ora bem, eu não vi o filme, mas achei que havia alguma ligação entre o Mamma Roma do Pasolini e esta ceia do Perugino. pensei: "já vi isto em qualquer lado", mas andei à volta com as minhas imagens (minhas, alvo seja) e não encontrei nada que fosse exatamente igual. só poderia ser uma ultima ceia ou umas bodas de cana... e entre tudo o que vi, pareceu-me que era uma última ceia. ora há quem diga que a cena do casamento de Mamma Roma é parecida com a de Ghirlandaio, relativa à última ceia, mas eu cá achei mais parecido com este, embora de facto o Ghirlandaio seja anterior ao Perugino. Perugino pinta a cena no Cenacolo di Foligno num convento franciscano e faz uma simulação de espaço através de um trompe l'oeil. obviamente a superfície útil para pintar a última ceia era complexa, mas na minha opinião o pintor não teve a melhor solução já que ao sugestionar este espaço para além do espaço, fica com o mesmo interrompido pelas limitações da parede. A arcada que Perugino pinta é contradita pelo espaço negro que penso, representa o limite da parede. Se é verdade que as colunas sugerem verticalidade, não é menos verdade que a mesa em "U", mais longa no fundo do que nas laterais e os espaldares forrados acentuam a horizontalidade e tectonicidade do fresco. Só posso destacar alguns aspetos, poucos, que são notórios na última ceia: Judas encontra-se do lado de cá da mesa (sabemos que é ele porque tem a bolsa dos 30 dinheiros na mão), João dorme e no fundo quatro personagens esperam a chegada de um anjo que traz na mão um cálice. a avaliar pelos trajes dessas quatro figuras que correspondem aos de alguns dos apóstolos, poderíamos dizer que se tratava de Jesus (ou São Bartolomeu), São Pedro e um outro, mas estou longe de saber de quem se trata. Aliás esta cena não me lembra nenhuma passagem bíblica, razão pela qual me fico por aqui.
Mamma Roma capta, ainda que num casamento, o visual de uma cena do renascimento e mais do que isso, de uma cena religiosa do peso da última ceia, corroborada pela alvura das paredes nuas (apenas cortada pelo arco cego e pelas duas janelas diametralmente opostas) e pelo afastamento com que uma celebração nos é apresentada. é verdade que no casamento que Pasolini retrata não há Judas, mas há os mesmos mirones laterais. mais do que uma festa, o casamento é uma encenação
2 Comments:
yah!
tá lá!
está parco nas palavras.
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