- o carteiro -
Bienal de Veneza e Sindika Dokolo, The return
Diz-se que a iniciativa do curador da Bienal de Veneza, Robert Storr, de seu nome “Think with senses – Feel with the Mind” é um barómetro da Bienal e que nela se tem visto muita gente, provando que no Verão, qualquer sítio do mundo excepto a nossa própria casa, está cheio. Mas como a incipiência do título e o pedantismo generalizado deste tipo de eventos faz crer, a iniciativa programada por Storr petende que o público pense… É mais virada para a introspecção artística e para a reflexão sobre a arte do que para o passeio chinelado. Dizem…
No Arsenal Thetis foi colocada uma instalação de Luca Buvoli, “A Very Beautiful Day After Tomorrow”, cujo título é baseado num dito de Marinetti retirado do seu Manifesto Futurista sendo por isso, e como se imagina, uma instalação divertida. Mas Storr não se limitou a esta instalação nem a esta abordagem: chamou Yang Fudong, Malick Sibidé (que faz parte da colecção Sindika Dokolo) Jason Rhoades e Franz West, todos eles com abordagens menos conseguidas, mais confusas e poupulares. Melhor foi a inclusão de Adel Abdessemed, Lawrence Weiner (em representação dos veteranos), Nancy Spero (mais conceptual), os consagrados Sigmar Polke e Bruce Nauman, com instalações e pinturas, Joshua Mosley cujo trabalho junta as novas tecnologias com reflexões sobre Pascal e Newton recriando assim o medo do artista/Homem relativamente à Natureza.
Algures no Arsenal encontra-se o Pavilhão de África com a mostra “Check List–Luanda Pop”, uma selecção de trabalhos da colecção de Sindika Dokolo. Passo a citar o que o artigo diz:
“why feature a private collection in a “national pavilion”?—it doesn’t even satisfy its basic premise: to show what constitutes African art from an African perspective.”
Ou seja, à excepção da bem conseguida exposição de Storr, que alcança o feito de unir a estética com a política, a reflexão com a arte, parece que o país convidado depois de tanta controvérsia, não foi capaz de fazer nenhuma das duas coisas: dar resposta ao desafio da temática da Bienal, nem dar-se a conhecer. Os trabalhos dos artistas africanos são acompanhados por outros de Basquiat, Barceló e Warhol, naquilo que poderia ser chamado de Bolo-Rei artístico.
São 76 Pavilhões de 76 países diferentes, 34 eventos a decorrer ao mesmo tempo e inúmeras iniciativas de vária ordem. Como vimos, não coube ao país convidado reflector sobre a questão de fundo e temática da Bienal, nem responder ao público. Esta última parte também não foi da responsabilidade da exposição organizada por Storr, mas se o público/turista necessitar de respostas e entretenimento, tem apenas de dirigir-se para a instalação de Jacob Dahlgren que convida os visitantes a cuspir para uma parede com um alvo (existe há muitos anos um stencil assim no Campo Alegre, Porto, mas enfim, não se podia levar o Campo Alegre para a Bienal!)
“why feature a private collection in a “national pavilion”?—it doesn’t even satisfy its basic premise: to show what constitutes African art from an African perspective.”
Ou seja, à excepção da bem conseguida exposição de Storr, que alcança o feito de unir a estética com a política, a reflexão com a arte, parece que o país convidado depois de tanta controvérsia, não foi capaz de fazer nenhuma das duas coisas: dar resposta ao desafio da temática da Bienal, nem dar-se a conhecer. Os trabalhos dos artistas africanos são acompanhados por outros de Basquiat, Barceló e Warhol, naquilo que poderia ser chamado de Bolo-Rei artístico.
São 76 Pavilhões de 76 países diferentes, 34 eventos a decorrer ao mesmo tempo e inúmeras iniciativas de vária ordem. Como vimos, não coube ao país convidado reflector sobre a questão de fundo e temática da Bienal, nem responder ao público. Esta última parte também não foi da responsabilidade da exposição organizada por Storr, mas se o público/turista necessitar de respostas e entretenimento, tem apenas de dirigir-se para a instalação de Jacob Dahlgren que convida os visitantes a cuspir para uma parede com um alvo (existe há muitos anos um stencil assim no Campo Alegre, Porto, mas enfim, não se podia levar o Campo Alegre para a Bienal!)
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