- o carteiro -
A exposição “Vade retro: arte e omosessualità" (Vade retro: art and homosexuality), que iria estar patente no Palazzo della Ragione em Milão foi definitavamente cancelada. O que não impede que a mostra possa ser levada para outro lado e exibida com maior o menor polémica. No centro do cancelamento e reacções negativas várias estão duas imagens. Numa delas “Miss Kitty”, o escultor milanês Paolo Schmidlin despiu o Papa, ou pelo menos uma figura muito parecida com Bento XVI e colocou-a numa pose provocante e com um penteado e uma expressão sugestivas. Quando falo de sugestivas, falo apenas dentro do contexto: dentro do tema da expsoição o Papa é tratado artisticamente como um travesti ou um homossexual. Entretanto, Vittorio Sgarbi, o vereador da cultura da Câmara de Milão que é também historiador e coleccionador de arte e que comprou esta obra por 20 mil euros recebeu agora a feliz notícia de que a mesma já vale 100 mil euros.
Paolo Schmidlin Miss Kitty
A outra imagem que suscitou polémica foi "Ecce Trans" de ConiglioViola. Esta imagem reintrepreta uma outra (verdadeira) em que um político conhecido (Romano Prodi) foi visto a conversar com um transexual. Na visão do artista esse transexual seria Cristo.
A outra imagem que suscitou polémica foi "Ecce Trans" de ConiglioViola. Esta imagem reintrepreta uma outra (verdadeira) em que um político conhecido (Romano Prodi) foi visto a conversar com um transexual. Na visão do artista esse transexual seria Cristo.
A exposição em si faz jus ao título uma vez que as obras tanto se referem à homossexulaidade feminina como masculina. Houve uma censura inicial a “Miss Kitty”, depois a exposição ficou interdita a menores de 18 anos, em seguida mais 12 trabalhos que teriam uma natureza pedófila e pornográfica foram censurados até que a exposição foi cancelada.
Independentemente de achar a censura despropositada, uma vez que só vai ver quem quer, estas duas obras parecem-me “a little bit too much”. Na realidade não me parece imprescindível retratar o Papa ou qualquer outro líder religioso daquela forma para contar um pouco da homossexualidade na arte. Quanto a Prodi, faço minhas as palavras de John Wayne aquando da eleição de Kennedy (Wayne era apoiante de Richard Nixon): “I didn’t vote for him, but he’s my president and I hope he does a good job.” Claro que Prodi não é o meu presidente, mas não vejo relevância neste caso para o mesmo ser trazido a uma galeria de arte.
2 Comments:
Tanto a obra sobre o papa como a que coloca Cristo como transsexual parecem-me ser apenas a transgressão pela transgressão. A escolha dum alvo como o papa é quase primária. A alusão a Cristo como homossexual pretende ser apenas um golpe publicitário, um soco para chocar... o problema (do ponto de vista artítico) é que já quase ninguém se choca com o facto, e, o que é pior, a «discussão» passa para um plano fora da arte.
é só "colocar mais lenha na fogueira" sem com isso acrescentar nada ao tema
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