segunda-feira, junho 11, 2007

- o carteiro -

os grandes educadores:

Vi e li esta semana na revista única do Jornal Expresso a “reportagem” da blogger que também dá nome ao blog, Miss Pearls, sobre a edição de 2007 das 40h de Serralves em Festa. O que me chamou a atenção foi, não a escrita nem o facto de ter sido pedido a um blogger que relatasse o que viu, mas uma certa, como hei-de dizer, condescendência, um certo paternalismo sulista e elitista (sim, leram bem) que o Expresso nos impingiu. Quando falo de proteccionismo bacoco, falo de duas coisas: o facto de o Expresso não ter pedido a um blogger que fizesse a cobertura da Exposição de Amadeu de Sousa Cardoso na Gulbenkian ou da Festa da Música no CCB, e do facto de o critério de explanação de este ou aquele acontecimento dentro das 40h de festa se basear não na sua importância, mas na bizarria que este constituía para quem observava. E neste capítulo culpas têm de ser imputadas ao jornal em si. O que interessa a mim enquanto leitor, saber que no Norte os "bs" e os "vs" não são trocados em nomes próprios (Diz-se Vasco, mas não se diz vaca), no contexto de uma reportagem sobre uma festa numa Fundação? Penso que a cobertura ainda que superficial devia visar o que aconteceu no espaço e não limitar-se a debitar os nomes dos intervenientes que facilmente poderiam ter sido retirados do programa. Quando em Janeiro passado a exposição de Amadeu de Souza-Cardoso assistiu aos seus últimos dias, o Público fez cobertura irrepreensível (o que é compreensível) do fenómeno. Sem grandes reflexões sempre se foi adiantando que a arte estava a ter aquele efeito nas pessoas. Seria? Lá dentro, José Manuel Fernandes fazia a comparação com o Porto e com a esterilidade cultural nortenha. É claro que a edilidade não ajuda e que a ideia de cultura de camioneta quase generalizada também não é favorável. Porém, há ainda gente no Porto que consegue contrariar essa tendência, como se consegue ver na animação nocturna que foi devolvida à zona dos Clérigos e da Rua Passos Manuel. Enumerem-se alguns casos para que não restem dúvidas: o Pitch, o Plano B, o Passos Manuel, os Maus Hábitos, o Piolho, o Lusitano, e mais não sei. Ainda não foi possível reabilitar Santa Catarina nem a 31 de Janeiro e talvez já não venha a ser, mas o fim da noite portuense não morreu quando se desvaneceu a febre pela Ribeira. E isso não é uma bizarria passível de tratamento eugénico.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

eu, criatura sobrevivendo a norte do mondego, subscrevo inteiramente... perdoais-nos por sabermos escrever

11/6/07 6:19 da tarde  
Blogger AM said...

não conheço a noite do porto, mas gostei de ler esta posta sobre a condescendência com que "lisboa", olha para o "norte" e, já agora, para o "resto" do país

11/6/07 9:35 da tarde  
Blogger Belogue said...

mas mesmo este post pode ser visto "pelas gentes de Lisboa", como uma manifestação infundada de bairrismo. uma pescadinha de rabo na boca, é o que é.

voltem sempre. para trocarmos uma receita, falarmos da novela, competirmos nas maleitas...

12/6/07 12:02 da manhã  

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