segunda-feira, julho 10, 2006

- não vai mais vinho para essa mesa -
(continuação)
Neurónio 34 - Tivemos esta ideia, não sabemos se ajuda, mas cá vai: na peça Rhinocéros do Ionesco, introduz-se o animal rinocerante como bode expiatório para um mal que estava nas pessoas. Quando elas se transformam em rinoceronte, a espécie é só um pretexto, mas há a introdução de um animal como personagem principal. No quadro do Delacroix “A morte de Sardanapalo” introduz-se pela primeira vez um animal exótico, o elefante.
Neurónio 95 - Estávamos em pleno romantismo, já de olho no orientalismo.
Neurónio 34 - Uma coisa não substituiu a outra.
Neurónio 95 - E não é a primeira vez que no teatro os animais assumem o papel principal. Lembremo-nos das fábulas.
- Digam-me lá onde querem chegar porque eu estou a sentir, na forma como os dedos me fogem no teclado, que vocês estão a perder o fio à meada.
Neurónio 95 - Adolf Loos escreveu “Ornamento e Crime”.
Neurónio 34 - E o Peter Behrens…
Neurónio 95 - Aquele da conferência…
Neurónio 34 - Aquele da conferência disse “Ornamento é Crime”. Mais tarde Mies van der Rohe disse, dentro do mesmo espírito: “Less is more” e pegando outra vez na frase de Loos, quem é que te garante que ele não a foi buscar a Proudhon que disse “Propriedade é Crime”.
- Pode ser apenas uma coincidência de tradução. De qualquer forma, bom trabalho.
Neurónio 34 - E agora, ainda sentes o hiato?
- Sim, o hiato é permanente. Enquanto não resolver a insatisfação, não resolvo o hiato.