quarta-feira, dezembro 14, 2005

O CARTEIRO

Tese, Antítese e Síntese em Laocoonte (ou "Não tinhas mais nada para inventar?")


Hagesandro, Atenodoro e Polidoro de Rodes
Locoonte e seus filhos
25 a.C.
Museu do Vaticano


A noção hegeliana de História é teleológica: os movimentos surgem por oposição e tendem para um fim. Vemos isso com os movimentos artísticos: o Classicismo é a tese, o Barroco é a antítese e o Romantismo (a meu ver e porque só a partir do Romantismo é que se colocou o problema da cópia - até aí a cópia era benéfica para o artista "aprender"), a síntese.

Como sou supeita, resolvi fazer a experiência dentro de um "movimento": a arte grega da Antiguidade. A arte desse período divide-se em arcaica, clássica e helenística, sendo que esta última fase privilegia o artista que faz a "arte pela arte", utiliza os temas para explorar até ao limite as suas capacidades.

Ía no comboio a pensar no conjunto de Laocoonte...
[Ei, tão alternativa que ela é! Não há tragédia que te chegue numa carruagem de comboio suburbano?]
[Não]
... Este grupo representa uma cena descrita na Eneida de Virgílio e que é a do sacerdote troiano Laocoonte que, ao saber que o cavalo de tróia continha no seu interior soldados gregos, tentou avisar os seus companheiros. Os deuses, que eram gregos e temiam que os seus planos fossem destruídos por Laocoonte, mandaram vir do mar duas gigantescas serpentes marinhas para espartilhar, prender, sufocar e aniquilar com as suas voltas o sacerdote e os filhos.

Quando olhamos para o conjunto, todo ele é drama: as figuras contorcidas de dor, rostos sofridos, aflitos, tensão muscular, volume e sentimento. Mas seria necessário tanto realismo, um realismo quase mórbido? Possivelmente não, o autor queria era colocar em prática os seus conhecimentos.
Palmas para ele!

A diferença entre a tese, antítese e síntese de Hegel, é que esta teoria é feita de rupturas, enquanto a passagem dos períodos arcaico, clássico e helenístico é feito de forma evolutiva. No primeiro caso, das revoluções fizeram-se evoluções, no segundo, evoluiu-se.