terça-feira, novembro 03, 2020

- ars longa, vita brevis -
hipócrates

olá. está tudo bem? e a família? ainda bem. hoje é um apontamento, uma coisinha linda que não reparei quando vi o quadro ao vivo e a cores (quando viajar duas vezes por ano para ver museus era possível...), mas reparei depois, graças ao google art project, a única coisa boa que a google criou. bem, o Vermeer não pintou muitos quadros. crê-se por isso que, aqueles pintou, têm tudo certo no lugar certo. nada terá sido pintado para preencher espaço, para fazer feitio. por essa razão, este cupido no rodapé de azulejos à direita da milkmaid, é uma preciosidade. terá a ver com a caixa para aquecer os pés que se encontra ali ao lado e que, segundo se dizia, servia para as criadas aquecerem os pés e algo mais (bastava meter a caixa debaixo das saias. uma vez que aquilo era aquecido a cravão, devia ser lindo para a roupa branca...). bem, o cupido não aparece ali por acaso. havia a ideia que as empregadas domésticas eram muito "dadas". veja-se o exemplo da obra "A woman asleep at table" também de Vermeer, no Metropolitan, com a perna do cupido pintada acima da empregada que dorme à mesa e a máscara junto à perna, o que quer dizer: amor desmascarado. sabe-se que no lugar do espelho existia a figura de um homem que Vermeer depois retocou. terá sido ele a beber a taça de vinho que se encontra sobre a mesa, num lugar que não aquele que a empregada ocupa (seria por isso para uma visita... masculina). ou o quadro "The Eavesdropper" de Nicolaes Maes. 
era comum o cupido estar associado às tarefas domésticas, como sinal de que o amor distraía as mulheres dos seus afazeres. daí a presença do cupido no rodapé. se bem que esta milkmaid devia ter pelo na venta e pouca paciência para jogos amorosos! este tipo de representação nos azulejos holandeses não foi uma invenção de Vermeer que ele conformou ao seu propósito. de facto os azulejos de Delf tinham, entre outros motivos, cupidos. ainda hoje é possível encontrá-los aqui, por exemplo.














Johannes Vermeer
The Milkmaid
c. 1658
Rijksmuseum, Amsterdão








Johannes Vermeer
The Milkmaid (pormenor)
c. 1658
Rijksmuseum, Amsterdão

Então beijinhos e abraços! não se esqueçam de descongelar alguma coisa para o almoço de amanhã, nem deixem o estendal na varanda que o tempo anda farrusco.