quinta-feira, dezembro 27, 2007

- ars longa, vita brevis -
hipócrates
"Lolita, luz da minha vida, fogo da minha virilidade. Meu pecado, minha alma. Lo-li-ta: a ponta da língua faz uma viagem de três passos pelo céu da boca abaixo e, no terceiro, bate nos dentes. Lo. Li. Ta." (Vladimir Nabokov, Lolita, p. 1)

Demorou meio livro para formar uma opinião, para catalogar o Humbert Humbert, professor que se apaixona pela filha da sua senhoria, uma Lolita muito experiente de 12 anos. Não obstante os exemplos que a personagem dá, exemplos de Rahab que no reinado de Jaime I era prostituta aos 10 anos, as filhas do faraó Akenaton e da rainha Nefertite eram noivas aos 10 anos, Dante que se apaixonou por Beatriz quando ela tinha 9 anos (1274), Petrarca que se apaixonou por Laura de 12 anos, o professor era pedófilo. Quer dizer, segundo as descrições ele apenas queria drogá-la para acariciá-la. Não queria tirar-lhe a "inocência". Mas ela já a tinha perdido e ele perdeu por consequência parte do interesse nela. Porque Lo só tinha interesse com aquela espécie de ingenuidade malévola que mesmo no último minuto quando as bocas já estão muito próximas se revela ser verdadeira. Mesmo assim, mesmo sendo o objecto do seu interesse apenas as lolitas, e não todas as crianças, o facto inegável é que eram crianças e por isso desprovidas da capacidade de entender o interesse dele ou de usufruir do mesmo voluntariamente, como foi o exemplo de Lo, Dolores, sem mácula. Mesmo assim, não posso negar que as descrições dos encontros entre lençóis (quem diz lençóis diz carro, chão, mesa), são muito boas.