sexta-feira, março 01, 2024

"Deliberadamente, eu havia decretado uma trégua para o meu espírito ferido e perturbado."
(Iris Murdoch, "O mar, o mar", pág. 363)

11 comentários:

  1. "Sou do tamanho do que vejo!" Cada vez que penso esta frase com toda a
    atenção dos meus nervos, ela me parece mais destinada a reconstruir
    consteladamente o universo. "Sou do tamanho do que vejo!" Que grande
    posse mental Vai desde o poço das emoções profundas até às altas estrelas
    que se refletem nele, e, assim, em certo modo, ali estão.
    "E já agora, consciente de saber ver, olho a vasta metafísica objetiva dos
    céus todos com uma segurança que me dá vontade de morrer cantando.
    "Sou do tamanho do que vejo!" E o vago luar, inteiramente meu, começa a
    estragar de vago o azul meio-negro do horizonte.
    Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvajaria
    ignorada, de dizer palavras aos mistérios altos, de afirmar uma nova
    personalidade largal aos grandes espaços da matéria vazia.
    Mas recolho-me e abrando. "Sou do tamanho do que vejo!" E a frase fica-me sendo a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre
    mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar
    duro que começa largo com o anoitecer."
    (pág. 65 Desassossego)
    Simões

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  2. Bom dia Beluga. Faça-me o favor de não publicar nada disto. Obrigado.
    Estou a ler " A muralha " de Agustina Bessa- Luís.
    Uma maravilha! Parece que Agustina leu bem o Hamlet de Shakespeare. Outra coisa não seria de esperar.
    Eu estou no ponto em que Tamar e Gerson vão fazer um passeio pelos baldios da Rotunda, que começam a urbanizar-se( cap. IV da minha edição): dois fantasmas à procura da palavra que quebre o sortilégio. Hei-de reler todo este capítulo porque estou com a curiosidade de saber se há algo no andar dum fantasma que denuncie a sua condição. Enfim...cada maluco com a sua mania.
    Escreve Agustina que a acção é a condição primitiva da vontade. Devemos entender com isto que os actos dum fantasma, quando arranha a corda dum violino ou pinta retratos de princesas decapitadas, são pura acção, sem vontade.
    O fantasma do pai de Hamlet parece ter esta característica singular: tem uma grande vontade, quer vingança. Precisava ser assm. Há muitas maneiras como um grande dramaturgo passa a culpa e a dor das suas personagens para os espectadores. Percebi isto no " Amor de D. Perlimpim." Desconfio que Lorca é um dos grandes!
    Desconfio também que o papel do príncipe Hamlet na peça é de ser o intermediário desse passa-culpas. Está entre o pai, que se imagina um fundo e o espectador, que se imagina em frente. E quando levanta a caveira de Yorick e diz o celebérrimo " To be ou not to be" , parece estar a dizer para o espectador
    _ Estás aqui ou estás ali?
    E isto são truques de grande dramaturgo e não apenas truques de grande psicanalista.
    Quero pedir-lhe formalmente desculpas por a ter importunado tantas vezes. Faça-me o favor de desculpar. Fica a minha culpa atenuada se lhe disser que muitas vezes tentei encontrar outros blogs que fossem tão inteligentes, divertidos e estimulantes como o seu. Não encontrei nenhum. Agora compreendo porquê. Quem sai aos seus...Já percebeu que eu sou um grande solitário.
    Fique descansada que eu levo o seu segredo para o túmulo...ÚUUUUUUUhhhhh....
    E agora vou ler outros dramaturgos que desconfio que também leram Hamlet.

    https://youtu.be/FiWJWLCoH2M?si=UXXhkiDJarn725YN

    Hemoglobin, seu leitor dedicado.
     


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    1. Pois. A Beluga praticou aqui um pequeno ilícito, talvez até criminal. Se o seu leitor Hemoglobin lhe pediu para não publicar, é porque era for your eyes only. Tá feita😁😁😁

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  3. É da maneira que não volto mais a este blog.
    Yours truly
    Hemoglobin

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  4. https://www.youtube.com/watch?v=FBig5p0yBNE

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  5. FRIEZA
    "Os teus olhos são frios como as espadas,
    E claros como os trágicos punhais,
    Têm brilhos cortantes de metais
    E fulgores de lâminas geladas.
    Vejo neles imagens retratadas
    De abandonos cruéis e desleais,
    Fantásticos desejos irreais,
    E todo o oiro e o sol das madrugadas!
    Mas não te invejo, Amor, essa indiferença,
    Que viver neste mundo sem amar
    É pior que ser cego de nascença!
    Tu invejas a dor que vive em mim!
    E quanta vez dirás a soluçar:
    "Ah, quem me dera, Irmã, amar assim!..."
    Sonetos Completos..Florbela Espanca
    Simões

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  6. https://www.youtube.com/watch?v=aDnW9kVXwSI

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  7. https://www.youtube.com/watch?v=nLO_2_QoHwE&list=RDnLO_2_QoHwE&start_radio=1

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    1. Parece-me que falta aqui uma rima com prima😄😄😄

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  8. O mar, o mar, o mar...
    O navio, o navio, o navio...

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