- ars longa, vita brevis -
hipócrates
olá amigos, como estão? Cada um na sua vidinha, não é? Fazem muito bem. eu também andava por aqui na minha vidinha, a pôr uma roupa de molho e a preparar um franguinho do campo para amanhã, quando me dou conta do que vos apresento abaixo. é um "antes e depois" em que o depois é antes e o antes é depois. Ou seja, como na minha mente o desenho antecede o quadro, resolvi obnubilar (tá fálando caro, biluga!) as datas e reformular, para uso pessoal, a História da Arte. Quer dizer, parte dela.
O Charles Le Brun nunca me disse grande coisa. Bom rapaz, gente de boas famílias na França absolutista, mas um pouco... parcial e preconceituoso. Enfim, um académico com jeito para a arte, mas pouca abertura à abertura de que ela é portadora, mesmo que sob o reinado de Luís XIV. Le Brun defendia uma hierarquia das temáticas, sendo que a mais nobre era a pintura histórica (de grandes dimensões, geralmente a contar o feito heróico do povo a que o pintor pertence) e a menos nobre, a pintura de naturezas-mortas. Não sei porquê. Adoro naturezas mortas e detesto essas golinianas pinturas históricas, sempre a apelar à emoção nacional, a manipular os outros. O Le Brun pintou - em nome do interesse nacional francês - este quadro.
Charles Le Brun
The Family of Darius before Alexander1660
Musée National do Château, Versalhes
Mostra a Rainha da Pérsia, e toda a família de Dario, a prestar vassalagem a Alexandre, o Grande que derrotou o rei persa. Qual a relação com a França? Le Brun faz derivar a França e os franceses do grande rei macedónio; parte da sua descendência, pois se Alexandre não tivesse derrotado Dario, a França também não existiria. Obviamente esta ideia é muito rebuscada, pois se não tivesse existido Clóvis também não existia a França e os franceses... Mas enfim, os grandes regimes gostam de fundamentar-se em grandes eventos, povos, mitos. O nazismo, por exemplo, tentou fundamentar a ideia de supremacia da nação alemã na mitologia nórdica, o fascismo socorreu-se da mitologia clássica...
Bom, mas voltando ao quadro do Le Brun. Vejamos como algumas personagens devem a sua expressão a um tratado da autoria de Le Brun (do próprio, quem mais?) que se chama Tratado das Expressões da Alma. Segundo investiguei, esse tratado é posterior ao quadro, mas para mim - e dentro da minha tendência Romântica - o desenho antecede sempre a pintura. Le Brun define uma expressão típica para:
a veneração
a admiração
a atenção
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