segunda-feira, julho 25, 2016

- não vai mais vinho para essa mesa -


quando tinha seis anos, gostei do Bernardo. O Bernardo não me ligava meia e acabou por namorar com a Carla que era minha amiga. "Namorar", dentro daquilo que é possível namorar aos seis anos.

no liceu gostei do Vasco. O Vasco, que era muito popular, não sabia que eu - que não era popular - existia.

Gostei também, mais tarde, do João. O João achava-me graça, mas estava comprometido com as drogas e o álcool.

depois o meu professor de religião e moral, também padre, levou-me para um pinhal.

em seguida emagreci muito e não tinha paciência para gostar de ninguém, especialmente de mim. obviamente, também ninguém gostava de mim.

Depois apaixonei-me pelo Rui. Mas o Rui já tinha a vida dele montada com uma namorada e bebés a caminho. eu era suplente, para as horas vagas.

Quase 8 anos depois, gostei do Zé Pedro que também não me ligava meia.

O L. foi a única pessoa que gostou de mim. Mas andávamos os dois a "tapar o sol com a peneira". foi o meu primeiro e único namorado. aos 34 anos.

Aparecem pessoas, claro, mas fico sempre a pensar que estão a brincar comigo e que se divertem à brava. imagino que para essas pessoas eu nem sequer seja um pipi, mas antes uma masturbação ao ego. e o nervosismo toma conta de mim de tal forma que acabo por me comportar como uma miúda de 10 anos que vai cantar o Frère Jacques no sarau da escola. ou acho que sou uma oferecida. ou que disse qualquer coisa de errado, ou que a minha roupa não está bem, ou que sou fria, ou que tenho alguma coisa nos dentes... enfim, dou voltas à cabeça como a aquela d'O Exorcista. 

Dizem-me que grandes paixões não fazem grandes relações, que a paixão acaba, que não é assim tão importante, nem é importante estar com alguém. eu acredito e concordo... e pur si muove...

2 comentários:

  1. Vi o João há uns anos. Estava muito bem: tinha ido tratar do problema dele para Inglaterra, tinha voltado a estudar, morava com a namorada russa (ou polaca ou ucraniana) e estava à frente de uma associação cultural com uma grande programação.

    Acho que o Rui tinha vergonha de mim. Acho também que me ligava quando não havia mais ninguém livre no caderninho de telefones. Eu achava que isso era a forma dele gostar de mim e que podia fazê-lo mudar de ideias. Mas nunca se pode fazer ninguém mudar este tipo de ideias.

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  2. Tudo vai correr bem. E se nada correr, é porque é melhor assim. é o que me diz o Pangloss que vive em mim.

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